Se você se interessa por design e decoração, tenho certeza que uma pergunta desse tipo já passou pela sua cabeça: mas de onde é que veio essa ideia? “Design de Origem” vai desvendar, quinzenalmente, todos os mistérios e inspirações por trás das peças mais icônicas do design mundial.
Hoje, começamos com a poltrona Mole, de Sergio Rodrigues. A Enciclopédia Delta-Larousse já o definia, em 1960, como: “o criador do móvel moderno brasileiro”. E, sem dúvidas, estavam certos. Concebido em 1957, brilha até hoje como um dos maiores ícones do mobiliário nacional.

– (Divulgação/Revista CASA CLAUDIA)
Como toda peça de design, a poltrona passou por um longo processo para chegar até o modelo que conhecemos hoje. Ela foi encomendada, originalmente, pelo fotógrafo Otto Stupakoff. Ele queria, na verdade, um sofá onde as pessoas pudessem ficar esparramadas e confortáveis, onde quem sentasse se sentiria como um sultão.
Naquela época, era moda ter um sofá com poltronas combinando. E foi isso que Sergio fez com o móvel que criou para Otto. E daí surgiu a Poltrona Mole. Ela caminha pela contramão do que estava em alta em matéria de decoração nos anos 60, quando tudo eram pés palito e silhuetas elegantes. A irreverência do designer burlou todos os padrões daquela época.

– (Divulgação/Revista CASA CLAUDIA)
O nome, curiosamente, é um apelido para como os operários da fábrica tratavam a peça: molenga. Parece improvável, mas a Mole não fez sucesso logo de cara. Passou mais um ano exposta na Oca, a loja de Sergio Rodrigues em Ipanema, até que alguém se interessasse pela compra. Só entrou para a lista de ícones do design em 1961, quando venceu o Concurso Internacional do Móvel de Cantú, na Itália, por apresentar o verdadeiro modo brasileiro de sentar.
Nas palavras do designer: “essa é uma poltrona superpreguiçosa”.