Reinaldo Lourenço tem uma das carreiras mais longas e importantes dentro do cenário fashion brasileiro. Este mês, colocou um pé no mundo do décor, desenhando uma coleção de móveis para a Breton. A seguir, um bate-papo com o estilista sobre moda, arquitetura e decoração.

Desfiles de Reinaldo Lourenço | 1. coleção inverno/2016 | 2. coleção inverno/2017 | 3. coleção verão/2017 (Divulgação/Reinaldo Lourenço)
Qual a relação entre moda e arquitetura?
Moda e arquitetura sempre caminharam juntas. Estética é estética, seja para roupas, para o mobiliário ou para música… Elas têm a mesma filosofia, eu diria.
Em quais coleções suas a arquitetura foi uma referência?
A arquitetura sempre me influencia. O inverno de 2016, inspirado em Portugal, trouxe os azulejos como estampa, resultado dos prédios que vi em Lisboa. Também fiz uma coleção inspirada em Brasília e já trouxe referências de mobiliários do período renascentista, com cadeiras e tecidos que lembram a época como referências para as peças de roupas.

Coleção inverno/2017 | Sofa Stripes (Divulgação/Reinaldo Lourenço)
Quais são os movimentos arquitetônicos e os arquitetos que você admira?
É difícil falar de movimentos, mas acho genial o trabalho de Oscar Niemeyer. Também admiro os projetos de Arthur Casas e de Izay Weinfeld. Gosto de John Pawson e de Tadao Ando.
Como tem sido sua experiência nessa passagem pelo mundo do décor?
É uma experiência muito rica para mim. Porque pude criar tudo que quis: uma mesa como esta, que fiz, esse sofá arredondado, a namoradeira. Foi gostoso porque olhei para mim mesmo, para o meu próprio universo, para as minhas roupas. Eu queria muito vir para o mundo da arquitetura, queria assinar a minha casa. Reformei a minha loja no bairro da Bela Cintra, em São Paulo e agora estou com o projeto de uma loja nova no Shopping Iguatemi. Ali, todos os móveis (até as araras) foram desenhadas por mim em parceria com as arquitetas Alexandra Kayat e Joana Pini, da Mandaria Arquitetura.
Como foi o processo criativo para a coleção da Breton?
O processo foi o mesmo de fazer uma coleção de moda. Pensei nas técnicas de costura que criam tiras, vazados e movimento em meus vestidos e adaptei para os móveis. Usei meu DNA de estilista para criar mobiliário, então, de fato, parti da moda.

Coleção inverno/2017 | Conjunto cadeira verus 60 F (Divulgação/Reinaldo Lourenço)
E é muito diferente da criação de moda?
Não. A criação, o trabalho de pesquisa e o desenho são bem próximos. Na verdade, é a execução que divide os universos.
Você pensa em desenvolver outros produtos nessa área?
Penso! Agora que comecei, vou adorar trabalhar em outros projetos.
Veja a seguir a coleção desenhada pelo estilista para a Breton – ao longo da entrevista, você conferiu alguns dos desfiles que serviram de inspiração para Ronaldo: