Casas e Apartamentos

4 casas que se tornaram verdadeiros refúgios urbanos

Para encarar a vida na cidade grande, esta turma embarcou na onda das casas-refúgio: em bairros sossegados, com muito verde e décor acolhedor

Do lado de fora, trânsito, barulho e poluição. Mas basta entrar pela porta que outro cenário aparece. Há paz, tranquilidade e natureza. Tudo – os móveis com memórias, as cores amenas, os terraços generosos – convida a um cotidiano gostoso e com menos pressa.

Estas são algumas das características dos refúgios urbanos: casas que ficam dentro de grandes cidades, mas que conseguem manter uma atmosfera que lembra um lugar no campo ou na praia.

“A estratégia é adotada por muitos como uma maneira de levar uma vida melhor dentro da
metrópole, sem precisar recorrer a uma mudança radical de endereço. O movimento, que surgiu em resposta ao barulho e ao excesso de informação da vida moderna, vem ganhando força”, conta Evilásio Miranda, diretor para a América Latina da agência francesa de pesquisas de tendências NellyRodi.

Carla com as filhas, Violeta e Bárbara. A família se apaixonou pela atmosfera calma do entorno, com parque e feiras orgânicas, além do generoso gramado ao redor da casa.

Carla com as filhas, Violeta e Bárbara. A família se apaixonou pela atmosfera calma do entorno, com parque e feiras orgânicas, além do generoso gramado ao redor da casa. (Gui Morelli/Revista CASA CLAUDIA)

A diretora de publicidade mineira Carla Meireles encontrou no Instituto Previdência, um bairro arborizado, o lugar ideal para criar sua morada-refúgio, onde vive com o marido, o cineasta paulista Luis Pinheiro, e suas duas filhas, Violeta, 3 anos, e Bárbara, 1 ano e meio.

“Um amigo que também mora na região falava das maravilhas de viver num local predominantemente residencial. Ficamos interessados e um tempo depois surgiu a oportunidade: uma casinha pequena num terreno de 500 m²”, conta Carla, que chamou o escritório de arquitetura Metro para fazer alguns ajustes no imóvel.

Os arquitetos, no entanto, propuseram uma mudança radical: demolir a casa e construir outra
bem moderna – respeitando o desejo dos moradores de não avançar muito sobre o gramado. O casal topou, e o novo projeto deu origem a uma construção com ambientes integrados e imensos painéis de vidros voltados para o jardim.

A sala de estar, aberta, iluminada e colorida, resume o clima na casa de Talita, Maurício, da pequena Lia e dos cachorros Timothy e Thurston: família sempre junta e com tempo para desacelerar.

A sala de estar, aberta, iluminada e colorida, resume o clima na casa de Talita, Maurício, da pequena Lia e dos cachorros Timothy e Thurston: família sempre junta e com tempo para desacelerar. (Gui Morelli/Revista CASA CLAUDIA)

No mesmo bairro, está a casa da jornalista curitibana Talita Markus e do jornalista paulistano Maurício Monteiro. Eles viviam num apartamento térreo com pouca luz na Vila Madalena quando esbarraram em um anúncio com a casa para onde se mudaram. “Ela tinha tudo o que a gente buscava: luminosidade, área externa e, o principal, uma vista incrível”, conta Talita.

Recentemente, o casal recorreu ao arquiteto Gil Melo para criar um projeto que aproveitasse melhor o quintal e, assim, nasceu o deque com piscina e área gourmet. “Agora, temos o pacote completo. Estamos num lugar que inspira a olhar o horizonte e ainda oferece várias opções de lazer, com essa área externa perfeita para receber os amigos. Com certeza a Lia, nossa filha de 6 meses, vai crescer muito feliz aqui”, diz Talita.

“Uma casa-refúgio pode ser um lugar sem TV, internet ou computador para os que desejam ficar desconectados”

Evilásio Miranda, diretor da agência NellyRodi

A chef Heloisa Bacellar em seu canto preferido da casa, onde passa horas testando novas receitas e gravando vídeos. Todas as peças penduradas foram garimpadas por ela.

A chef Heloisa Bacellar em seu canto preferido da casa, onde passa horas testando novas receitas e gravando vídeos. Todas as peças penduradas foram garimpadas por ela. (Gui Morelli/Revista CASA CLAUDIA)

Mesmo na região mais central da cidade, é possível encontrar lugares onde se distanciar do caos. A chef paulistana Heloisa Bacellar, dona do restaurante Lá da Venda, na Vila Madalena, vive com a família no Pacaembu há mais de duas décadas numa casa com cara de fazenda e um quintal enorme, que foi construída no final dos anos 1940.

É ali, de onde saem muitos ingredientes para suas criações, que ela passa a maior parte do tempo, escrevendo, testando receitas, gravando vídeos para o seu novo portal, o Na Cozinha da Helô, e fazendo trabalhos manuais, como tricô e pintura.

O mais curioso é que a chef ainda conseguiu criar um esconderijo dentro do seu refúgio urbano: a cozinha, repleta de objetos garimpados. “Ela é meu canto preferido. Adoro ficar ali sem ver as horas passarem”, revela Heloisa, que se sente feliz em poder morar num endereço que lembra o campo, sem precisar abrir mão da vida pulsante de São Paulo.

Nana na janela que dá para o quintal do apartamento térreo, repleto de plantas (são mais de 100 espécies). Sempre que pode, ela também se dedica a fazer pães de fermentação natural.

Nana na janela que dá para o quintal do apartamento térreo, repleto de plantas (são mais de 100 espécies). Sempre que pode, ela também se dedica a fazer pães de fermentação natural. (Gui Morelli/Revista CASA CLAUDIA)

Perto dali, em Pinheiros, vive a jornalista mineira Nana Caetano. “Acho que só continuo em
São Paulo porque encontrei este apê térreo. Coloquei tantas plantas aqui que ele ganhou o apelido carinhoso de ‘sítio’”, conta.

No imóvel de 65 m² com jeito de casa e dois quintais, onde o barulho do bairro movimentado quase não chega, ela faz questão de ter uma decoração simples, com peças que a acompanham há muito tempo.

“Apesar disso, não sou acumuladora”, conta. Nana adora ficar sozinha e curtir momentos de silêncio. “No dia a dia, sou muito agitada. Quando entro em casa, desacelero totalmente”, diz. Mas, nos fins de semana, o apartamento está sempre cheio, em especial quando prepara o almoço de domingo para os amigos.

Além de jornalista, ela também é chef formada e expert em pães de fermentação natural. Uma vez por mês, abre as portas de casa para ensinar como prepará-los artesanalmente num projeto batizado de Pequeno Sítio. “Estou adorando a experiência coletiva na cozinha”, finaliza.

Para dar uma fugidinha

Por Maíra Goldschmidt, de Berlim

Com projeto do arquiteto Andreas Wenning, a Urban Treehouse, em Berlim, é uma oportunidade para vivências novas. A 300 m do Lago Schlachtensee e a menos de uma hora do Aeroporto Internacional Tegel, estão duas casas feitas de madeira maciça e com vista para a copa das árvores.

Cada uma acomoda dois adultos em 24 m², divididos em sala de estar, quarto, cozinha, banheiro e terraço coberto. No mobiliário, se misturam peças da marca dinamarquesa Hay e da suíça Vitra. E ainda há TV, bicicletas, churrasqueira e sauna. As casas estão disponíveis apenas para estadias de curta duração e têm locação exclusiva para associados.