As portas estão sempre abertas. Todos são bem-vindos. Esse costuma ser o lema de quem adora festa em casa e vive convidando os amigos. “Vejo um crescimento no número de projetos feitos com esse objetivo”, comenta Henrique Diaz, diretor de planejamento da agência de pesquisa de tendências Box 1824.
Segundo o arquiteto Bruno Bastistela, do escritório Kwartet, vale tudo. “Os moradores querem a casa com comodidade para uma simples reunião com os amigos em frente da TV e também para baladas, com direito à pista de dança, e encontros ao redor do fogão em pequenos jantares em que o proprietário vira chef”, explica.
Mas, afinal, o que é preciso para que a casa seja o ponto de encontro ideal? A arquiteta Daniela Frugiuele, da Suite Arquitetos, que recentemente terminou o apartamento de um festeiro de plantão, não tem dúvida: o segredo está nos espaços generosos e nos ambientes integrados. “O importante é poder circular e conseguir a visão ampla de tudo”, diz. Assim, quem está cozinhando pode conversar com as pessoas que assistem televisão na sala sem problema.
Outro detalhe imprescindível é fazer um tratamento acústico no forro do teto ou no piso e, se possível, colocar vidros antirruído para não atrapalhar os vizinhos. Segundo Daniela, ambientes com poucos objetos e com o mínimo de móveis também facilitam porque assim não é preciso ficar mudando tudo de lugar o tempo todo. “Prefira as peças leves, práticas, com funções múltiplas, como um banco que sirva para sentar e, conforme o caso, faça as vezes de mesinha de apoio”, afirma Daniela Bernauer, do WGSN, um site internacional especializado em análise de tendências.
Para ilustrar esse novo morar, mais solto e aberto, escolhemos os apartamentos do jovem advogado Daniel Andrade, projetado pelo Casa100, e do administrador Guilherme Sawaya, idealizado pelo Kwartet, e a casa, batizada de “clubinho, do paisagista Gilberto Elkis, autor do projeto em parceria com a arquiteta Caroline Elkis, sua filha. Os três ficam na capital paulista.
Primeiro da turma de amigos a morar sozinho, Daniel sonhava em transformar o seu apartamento, de 70 m2, no Itaim-Bibi, em São Paulo, numa espécie de clube da galera. O mobiliário de madeira, que circunda o espaço, deixa livre a área central do living e dá a dica de que ali a festa corre solta. Não há sala de jantar formal. A mesa para as refeições fica pendurada na parede, como se fosse um quadro. “Há um balcão móvel que vira bar e integramos a varanda e a sala de estar”, diz Zé Guilherme Carceles, do Casa100.
No apartamento do administrador Guilherme, a sala de estar também é espaçosa e serve de pista para dançar. O morador gosta tanto das festas agitadas quanto de promover reuniões mais tranquilas em torno da TV ou do fogão. “Não por acaso, tenho um sofá enorme com assentos dos dois lados para caber um monte de gente. Além disso, pedi para derrubar as paredes da cozinha e o fogão fica virado para a sala. Assim, faço os meus suflês conversando com todo mundo.”
Quanto a Gilberto, ele tinha uma casa dos anos 1930 na Vila Madalena havia anos. Estava alugada. Quando os inquilinos saíram, o paisagista resolveu transformá-la em abrigo para sua coleção de motos. “Aos poucos, fui acrescentando funções. No térreo, fiz uma área gourmet, no primeiro andar uma sala de jogos e, no último, um solário.” Ele adora passar os finais de semana ali. “Só vou para casa na hora de dormir.”