– (Escape RV/Steve Niedorf/Revista CASA CLAUDIA)
O desapego dos bens materiais, e também de espaço, é consequência natural desse estilo de vida, que pede mobilidade. Não só a nossa, mas a da residência. As minicasas, construções pré-fabricadas e motorhomes vêm na esteira dessa tendência. Há opções para todos os estilos, como você confere nas páginas desta reportagem.
No Brasil, Duda Porto entrou na sintonia dos projetos portáteis em 2013, com o Lite, de 120 m² e estrutura metálica feito sob medida para ser desmontado. A Cabana (apresentada na Casa Cor Rio 2016) é empreitada mais recente: tem 40 m² e deve custar 190 mil reais quando passar a ser vendida.
O arquiteto carioca acredita que o conceito de casa para a vida inteira não existe mais. “Os clientes pedem projetos já pensando em como vender mais tarde, pois mudar está nos planos. Por isso carregar a própria casa atrai mais e mais gente”, conta.
Discos, livros, guias de viagem, fotos e filmes não precisam mais se apoiar em prateleiras – todos são muito bem acomodados em nuvens de armazenamento. O home office já é uma realidade e as redes sociais, além de nos deixar a par da agenda da mídia diariamente, nos conectam com família, amigos e colegas de trabalho a qualquer momento. Há leilão de passagens aéreas. Alugar uma residência, em qualquer ponto do planeta, é simples: faz-se pelo celular. Deslocar-se ficou mais leve, barato e possível.
O casal formado pela carioca Roberta Câmara, 45 anos, e o sueco Jörgen Dehlbom, 48, está há mais de dois anos experimentando esse novo jeito nômade de morar, parte de um período sabático sistematicamente adiado. Até que um quiproquó profissional desengavetou o plano. “Decidimos alugar os apartamentos de cada um, vender o resto e sair pelo mundo”, conta Roberta, via Skype, de Sarajevo, na Bósnia – eles já estabeleceram endereço em mais de 30 países e pretendem seguir “até quando der”. Surpresa: com dois cachorros a tiracolo.
Segundo ela, o aplicativo do Airbnb no celular é essencial, já que raramente se hospedam em hotel. Além dos bichos, eles carregam duas malas apenas, uma com as roupas de inverno, outra com as de verão. “E ainda acho muito”, brinca.
Para Requena, o futuro é mais acolhedor do que parece. Na sua previsão, vamos habitar casas diferentes ao longo da vida, customizando os ambientes com o que carregamos de informação, das fotos na parede branca à trilha sonora. “Quem sabe se teremos tudo isso num biochip que é reconhecido assim que abrirmos a porta?”, sugere. Atenção: as definições de lar estão sendo rapidamente atualizadas.