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Famílias na Arquitetura

Reunimos histórias de famílias brasileiras que deixaram um legado na arte e na arquitetura mundo afora

Oscar e Anna Niemeyer

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(André Nazareth/Revista CASA CLAUDIA)

É impossível narrar a arquitetura brasileira sem mencionar Oscar Niemeyer. Arquiteto e engenheiro carioca formado pela Escola Nacional de Belas Artes (hoje UFRJ), ficou reconhecido pela exploração plástica e construtiva do concreto armado, rompendo com a estética funcionalista do modernismo e transformando-a com sua própria linguagem e identidade nacional. Apaixonado pelas curvas, Oscar tornou-se um dos mais importantes arquitetos do século XX com suas estruturas esculturais e sinuosas. Entre suas principais obras, estão o Ministério da Educação e Saúde, no Rio de Janeiro, o conjunto Pampulha, em Belo Horizonte, a sede das Nações Unidas, em Nova York, o Parque Ibirapuera, o Edifício Copan e os prédios governamentais de Brasília.

Congresso Nacional

Congresso Nacional (Divulgação/Fundação Oscar Niemeyer)

Sua primeira e única filha, Anna Maria Niemeyer nasceu em 1930, e segue os passos do pai pela arte, mas por outra vertente: a decoração de interiores. Em 1956, Niemeyer foi convidado por Juscelino Kubitschek para projetar os prédios públicos da nova capital do Brasil, os quais foram concluídos antes de 1960. A decoração e mobiliário dos edifícios foram projetados junto com Anna, que assinou também os interiores de diversas outras obras do pai. Nos anos 1970, pai e filha se uniram para desenhar uma linha de móveis, que foram exibidos em alguns dos mais importantes museus do mundo. Em 1977, Anna Maria inaugurou uma galeria em seu nome, hoje localizada na Gávea, com o objetivo de divulgar com critério a arte contemporânea brasileira.

Cadeira de Balanço (1997)

Cadeira de Balanço (1997) (Divulgação/Fundação Oscar Niemeyer)

Anna faleceu poucos meses antes do pai, aos 82 anos. Oscar Niemeyer faleceu em dezembro de 2012, 3 dias antes do seu aniversário de 105, deixando um legado inestimável para a arquitetura.

Ruy, Ricardo e Rodrigo Ohtake

Tomie Ohtake, artista plastica, e os filhos, os arquitetos Ruy e Ricardo Ohtake, nos anos 1940

Tomie Ohtake, artista plastica, e os filhos, os arquitetos Ruy e Ricardo Ohtake, nos anos 1940 (Divulgação/CASA CLAUDIA)

A família Ohtake é fortemente entrelaçada ao meio artístico. A base não poderia ser mais forte: Tomie Ohtake (1913 – 2015), uma das principais representantes do abstracionismo informal e conhecida pelo título de “dama das artes plásticas brasileira”, começou a história de três gerações de artistas dos mais diferentes áreas da indústria.

Tomie veio da cidade de Quioto, no Japão, para o Brasil aos 22 anos, com o objetivo de visitar um irmão. Acabou se estabelecendo no país e teve dois filhos: Ruy e Ricardo. Ruy, o mais velho, nasceu quando sua carreira estava começando a entrar em período de efervescência. Ambos formaram-se na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU – USP), mas seguiram por caminhos diferentes.

Ruy Ohtake tornou-se um premiado arquiteto e designer de móveis, imprimindo uma linguagem própria, com a mescla da pesquisa tecnológica e uma plasticidade original, em mais de 300 obras realizadas no Brasil e no exterior. Entre elas, pode-se destacar o edifício Ohtake Cultural, projetado arquitetônica e conceitualmente para realizar mostras nacionais e internacionais de artes plásticas, arquitetura e design, os hotéis Unique e Renaissance, o Expresso Tiradentes e o Parque Ecológico do Tietê.

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(Divulgação/Instituto Tomie Ohtake)

Ricardo, por outro lado, dedicou-se à comunicação visual e design gráfico, e optou por seguir carreira em produção cultural. O designer já ocupou os cargos de primeiro diretor do Centro Cultural São Paulo (CCSP), diretor do Museu da Imagem e do Som, diretor da Cinemateca Brasileira e Secretário de Estado da Cultura de São Paulo. Atualmente, é presidente do Instituto Tomie Ohtake.

Na terceira geração da família, Elisa e Rodrigo, filhos de Ruy, também entraram no mundo das artes em áreas distintas. Rodrigo enviesou também pela arquitetura e design de móveis. Elisa seguiu os passos da mãe, Célia Helena, na carreira de atriz.

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paps no parquinho

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Aron, Márcio e Gabriel Kogan

Aron Kogan foi um importante engenheiro-arquiteto para a construção do espaço urbano durante os anos 1950. Com uma arquitetura moderna marcada pelo concreto aparente e pela valorização da estrutura, Aron desenhou, junto com seu sócio Waldomiro Zarzur, os maiores arranha-céus de São Paulo. Entre eles, o Mirante do Vale, o mais alto da cidade, e o edifício São Vito, mais conhecido como Treme-Treme. Durante visitas às suas obras, Aron costumava levar seu filho, Márcio, para acompanhá-lo. Desde esses pequenos passeios, Márcio já sabia que seguiria os passos do pai no futuro.

Atualmente, Márcio Kogan é um dos maiores nomes da arquitetura contemporânea brasileira, com mais de 200 prêmios nacionais e internacionais no currículo. Formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Mackenzie, mesma Universidade em que seu pai estudou, foi fortemente influenciado pelo cinema na juventude. Aventurou-se pela área com alguns curtas e um longa-metragem, mas percebeu que sua vocação era mesmo para a arquitetura. Desde então, conta histórias por meio de suas construções.

Márcio Kogan.

Márcio Kogan. (Divulgação/CASA CLAUDIA)

Sua obra é repleta de referências dessacralizadas ao modernismo brasileiro, e a produção é, majoritariamente, feita de residências unifamiliares de alto padrão. Entre vãos livres horizontais e estruturas rigorosas em concreto, o arquiteto cria uma forte identidade visual que mimetiza-se com a paisagem ao redor. Em 2001, Kogan passou a ganhar reconhecimento internacional com seu escritório MK27, que tornou-se colaborativo. Entre os projetos mais premiados do arquiteto, estão a Casa Gama Issa, a Casa Paraty, Livraria Cultura no Shopping Iguatemi, Casa Corten, o Hotel Fasano, o edifício Vertical Itaim e, mais recentemente, a Casa na Mata.

Casa Paraty

Casa Paraty (Divulgação/Studio MK27)

Márcio é casado com a artista plástica e arquiteta Raquel Tasny Kogan. O filho do casal, Gabriel Kogan, decidiu também enveredar pela arquitetura. Formou-se na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e trabalhou como colaborador no escritório de seu pai durante alguns anos. Hoje, segue carreira como teórico e professor.