Em uma pesquisa de março deste ano, o bureaux de tendências londrino The Future Laboratory abordou o conceito Neo-Kinship (ou laços familiares renovados) para falar sobre a multiplicação de objetos digitais inteligentes dentro de casa e o lançamento comercial de robôs. As máquinas estão chegando, mas não se parecem com clones humanos e não têm nada de assustadoras.
Exemplo disso é o documentário The Future of Parenting, citado no relatório e produzido pela norte-americana Fisher-Price para mostrar como as crianças brincariam em casa daqui uma década. Nele, os brinquedos da marca aparecem vitaminados por tecnologias como impressão 3D e hologramas.
Mas, apesar do apelo high-tech do vídeo, o vice-presidente da empresa, Gary Weber, afirma que “os brinquedos tradicionais nunca vão desaparecer e o que faz deles especiais é o aspecto sensorial, presente há séculos na vida das crianças. Os novos recursos trarão ainda mais elementos para aumentar a diversão”, explica.
Estamos falando, portanto, de tecnologias que entram de forma discreta em nossa vida com o objetivo de entreter e simplificar a rotina. “A inteligência artificial vai diminuir a quantidade de chatices que a gente tem para fazer e, além do aspecto facilitador, também vai reduzir o desperdício dos recursos naturais”, explica Iza Dezon, diretora da agência de estudos de tendências Peclers do Brasil.
No Reino Unido, o governo iniciou no último ano a instalação em massa de medidores de uso de água e eletricidade digitais em todas as residências e endereços comerciais. A ideia é que, até 2020, o monitoramento seja completamente smart, o que deve levar à diminuição no consumo.
Diferentemente do que imaginamos, a presença desses equipamentos em casa não vai transformar a decoração em algo futurista e frio. “A voz é o principal ponto de interação com os novos dispositivos. Por isso, o uso de telas, botões e até superfícies touchscreen diminuirá bastante”, garante Peter Maxwell, integrante do The Future Laboratory e autor do relatório Neo-Kinship.
Até uma cabana de madeira no meio do mato poderá ser uma casa tecnológica – desde que tenha wi-fi. Novidades como os assistentes domésticos Google Home, Amazon Echo e HomePod, da Apple – lançados este ano fora do Brasil –, vêm na forma de aparelhos compactos, fáceis de camuflar no décor.
Segundo Peter, os três funcionam como centrais de automação que conectam diversos equipamentos. Entre outras funções, eles ajustam a iluminação, a temperatura ou o som dos ambientes de acordo com os gostos de cada morador e contribuem na hora de relaxar. “Hoje, alcançar um espaço cosy está a uma palavra de distância”, completa.