Não há como negar que as orquídeas despertam paixões, mas seus cuidados podem se tornar desafiadores. “É uma flor que exige muita dedicação e paciência. Há truques no plantio que só se aprendem por tentativa e erro. Além disso, a espera até a próxima florada costuma ser longa e cercada de cuidados”, conta a orquidófila Kátia Almeida, do Orquidário Morumby.
Por isso, vale a pena prestar atenção em hábitos que costumam funcionar bem com a planta. “Algumas medidas podem variar conforme a espécie, mas, de modo geral, valem para todas”, diz Márcia Morimoto, diretora técnica da Associação Orquidófila de São Paulo (Aosp). Em primeiro lugar, observe a incidência de luz: orquídeas devem ser cultivadas em ambientes iluminados. “Mas nunca a sol pleno”, avisa ela.
O ambiente ideal para a orquídea também deve ser ventilado. “Nada de lugares quentes e secos”, alerta Márcia. O substrato, ainda segundo a orquidófila, pode conter carvão, casca de pínus, musgo esfagno (extraído da beira de lagos e riachos) e fibra de coco.
Sobre a rega, dependerá da época do ano. “A Vanda requer água diariamente. As outras espécies devem ser regadas dia sim, dia não no verão e uma vez por semana no inverno. Nas demais estações, com intervalo de dois dias”, orienta Luiz Walcyr Barreto, do Orquidário LWB-Orchidhill’s. Márcia acrescenta: “Para garantir a drenagem, faça no fundo do vaso uma camada de até dois dedos de brita. O tamanho do recipiente também influi, já que os muito pequenos, usados para as micro-orquídeas, secam mais rápido”.
Confira, abaixo, dicas de como cuidar de quatro tipos de orquídea diferentes – quem sabe você não começa uma coleção?
1. Raízes expostas

Phalaenopsis hybrid. Ambiente da Milplantas com almofadas da Regatta Casa.
Ocultas pelas raízes, cestas plásticas têm aberturas que ajudam no cultivo da Vanda. No vaso, a espécie
Phalaenopsis hybrid. Ambiente da Milplantas com almofadas da Regatta Casa. (Renato Navarro/Revista CASA CLAUDIA)
Em condições ideais, a híbrida do gênero Vanda floresce até quatro vezes ao ano, e suas flores chegam a durar 30 dias. As raízes não devem ser enterradas. Deixe-as soltas como neste canto onde a árvore sustenta a espécie, que aprecia umidade, boa iluminação, adubação adequada e rega com borrifador duas vezes ao dia.
2. Minúsculas e mimosas

brota em vasos com boa drenagem e em lugar arejado. Ao centro, outra epífita, a Pleurothallis linearifolia requer os mesmos cuidados. À direita, terrestre, a Prescottia oligantha não tem pseudobulbo para armazenar água e nutrientes. Sua preservação se dá pelas raízes.
À esquerda, planta epífita (que se apoia em troncos, mas não é parasita), a Dendrochilum wenzelii também
brota em vasos com boa drenagem e em lugar arejado. Ao centro, outra epífita, a Pleurothallis linearifolia requer os mesmos cuidados. À direita, terrestre, a Prescottia oligantha não tem pseudobulbo para armazenar água e nutrientes. Sua preservação se dá pelas raízes. (Renato Navarro/Revista CASA CLAUDIA)
Sucesso entre os aficionados, as micro-orquídeas, com flores de até 2 cm de diâmetro, têm detalhes que só podem ser apreciados com lupa. De tão miúdas, faz-se o replantio com pinça. “Estas espécies gostam de sombra e umidade. No substrato, pedem maior quantidade de musgo para ampliar a retenção de água”, diz Márcia.
3. Cor e poder

de luz filtrada e água sempre que estiver seca. À direita, a terrestre Cymbidium precisa de muita água
no período de crescimento e temperaturas amenas.
À esquerda, as Miltoniopsis não suportam altas temperaturas e vão melhor em substrato indicado para plantas com raízes finas. Ao centro, híbrida, a Blc. Chyong Guu Chaffinch floresce uma vez ao ano. Gosta
de luz filtrada e água sempre que estiver seca. À direita, a terrestre Cymbidium precisa de muita água
no período de crescimento e temperaturas amenas. (Renato Navarro/Revista CASA CLAUDIA)
No chão, em vasos ou em troncos, este time de orquídeas encanta devido ao formato e às cores que desenham suas pétalas. “Quanto mais reproduzirmos o habitat natural, mais beleza elas terão”, diz Kátia. Plaquinhas de identificação com a data da última floração auxiliam no controle de adubação, rega e incidência de luz.
4. Parceiro necessário

americano. Como a maioria das micro-orquídeas, pede umidade e luz controladas.
Planta epífita de caules alongados e flores brancas, a Campylocentrum micranthum é típica do continente
americano. Como a maioria das micro-orquídeas, pede umidade e luz controladas. (Renato Navarro/Revista CASA CLAUDIA)
Esta orquídea miúda, quase imperceptível, só consegue se desenvolver enroscada num tronco. É nele que suas fartas raízes se fixam sem usar a seiva da árvore como alimento. “Tenho uma em casa que amarrei numa cerejeira. Ali ela enraizou muito bem”, conta Márcia.