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Patricia Urquiola anda mais ocupada do que nunca. Desde 2002, quando encantou os visitantes do Salão do Móvel de Milão com a poltrona Fjord, a designer espanhola não parou mais. Radicada em Milão, ela hoje assina peças para marcas como B&B Italia, Kartell e Moroso. Sua ascensão coincidiu com um certo tédio em relação ao minimalismo: todos de repente queriam ver mais personalidade nos móveis. E isso ela tem a oferecer.

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É a primeira vez que você vem ao Brasil?
Não. Já conhecia São Paulo. Fiquei encantada pela cidade e sua energia. Desta vez, venho para uma palestra, que batizei de Donkey Skin. Trata-se de um conto de fadas que representa minha pesquisa, as metáforas que me inspiraram e as direções que tomei na carreira
Você trabalha muito bem com texturas, estampas e cores. Quais são, para você, as características de uma boa peça de design?
O que me interessa é o processo. Eu absorvo muito aquilo que me cerca, assimilo tudo e transformo o resultado. Acho importante ser coerente com sua própria cabeça e suas entranhas e trabalhar com a contrapartida disso tudo – a indústria – de um modo construtivo.
Que tipo de experiência você pretende provocar com seu design?
Eu tento criar coisas que me agradam antes de tudo e tenho a esperança de que as pessoas também gostem. Mas o mais importante é ter honestidade e fazer um esforço verdadeiro durante o processo de criação e desenvolvimento. Gosto de pensar que sou uma designer que procura chegar o mais perto possível de suas inspirações e idéias originais.
O que lhe inspira?
Sou inspirada por eventos cotidianos e memórias de viagens. Sempre tento enxergar o elemento sedutor de alguma coisa feia que pode ser transformada em bela. Me empolga também encontrar uma nova vida para algo antigo e em desuso e transformá-lo em uma peça contemporânea. Ou mesmo manipular um novo material com base em uma tecnologia tradicional. Moda e decoração andam cada vez mais próximas.
Você nota esse tipo de influência em seu trabalho?
Muito e por diferentes razões. Primeiro porque a moda é uma área da criação que eu respeito e cujo processo de pesquisa me intriga. E também porque acho que a arquitetura e o design vivem um momento cujo foco está na pele, na superfície das coisas. A Itália é um mundo competitivo para um designer de móveis, seja ele estrangeiro ou não.
Como é ser uma mulher, e espanhola, num universo dominado por homens?
De modo geral, não é fácil ser um designer. Você precisa ter o apoio de produção de uma indústria, que, por sua vez, precisa se sentir segura para investir em suas idéias. Então você tem de se mostrar bastante segura para conseguir convencer o presidente da empresa, o diretor artístico, os engenheiros e também os técnicos, que, em sua grande maioria, são homens.
De que forma sua origem espanhola influencia seu trabalho?
Bem, ela está em meu inconsciente: são as primeiras fontes de emoção, imagens e experiências. No entanto, minha formação como designer tem muito a ver com as escolas de Milão e seus mentores, como Achille Castiglioni e Vico Magistretti, com os quais estudei.
Como é a sua casa?
Minha casa é uma caixa de emoções, memórias familiares, livros e protótipos. Não é um espaço representativo. Acho que os projetos de clientes me defendem melhor.
Em que projetos você está trabalhando agora?
Acabei de lançar em Frankfurt uma nova coleção pela Rosenthal. Trata-se de um projeto especial para mim, com o qual estive envolvida nos últimos quatro anos. Adorei o resultado e vamos mostrá-lo em Milão. Lá, no Salão Internacional do Móvel, também vou apresentar novos produtos criados para meus clientes. Já na área de arquitetura, estou trabalhando em diferentes projetos: dois hotéis, três residências, três instalações para o Salão do Móvel e um conceito para uma nova marca de moda.
Visita registrada
Patricia Urquiola esteve no Brasil no dia 14 de março para participar do 6º Fórum Internacional de Arquitetura e Construção, que aconteceu dentro da Revestir, promovida pela Anfacer e apoiada pela revista CASA CLAUDIA.