
No terreno de 10 mil m², o jardim de espécies exóticas plantado pelo morador se mistura à vegetação original e envolve a estufa, com janelões de ferro e vidro. (André Nazareth/Revista CASA CLAUDIA)
João Machado cresceu entre as telas e os pincéis do ateliê do pai – o artista plástico Juarez Machado –, em Paris, e os campos de lavanda e girassóis do sul da França, onde passava longas temporadas. Nas férias, vinha para o Brasil e, numa das estadias, resolveu iniciar um sonho antigo: comprar um terreno nas montanhas e nele criar um horto botânico, com sementes garimpadas no mundo todo.

A casa foi forrada de feltro, no qual são presas mudas típicas de barranco, que, no futuro, vão cobrir toda a fachada de verde. A sacada do quarto de Arasy e João também é um mirante para o horizonte. (André Nazareth/Revista CASA CLAUDIA)
O local escolhido fica na parte mineira de Visconde de Mauá, numa área vizinha à Cachoeira Santa Clara, a mais de 1 mil metros de altura. “A princípio, não pensei em me mudar para cá. Ainda vivia em Paris, trabalhando como curador de uma galeria de arte. Só queria um lugar para ter uma coleção de plantas. Por isso, construí um chalé pré-fabricado, meu pouso, que levantei em quatro dias”, conta. Aos poucos, entre idas e vindas, ele plantou 400 espécies raras, principalmente frutíferas. E viu seu paraíso particular ganhar forma.

Na mesa está a produção recém-saída do forno, pronta para receber a esmaltação. (André Nazareth/Revista CASA CLAUDIA)
Há exatos quatro anos, João chegou para ficar. Conheceu a bailarina uruguaia Arasy Benitez e juntos começaram a incrementar o sonho inicial. “Ergui então acasa, o ateliê e a estufa. Tudo com o capricho de quem buscava algo muito especial, uma roça com jeito de Provença, um jardim com uma atmosfera mágica”, conta João.

As cerâmicas, utilitárias ou artísticas, ganham formas inusitadas com um traço orgânico. (André Nazareth/Revista CASA CLAUDIA)
“Tomei cuidado para não preencher demais os espaços. Venho de uma família que gosta de acumular. Minha mãe, a decoradora Eliane Carvalho, coleciona de tudo e sempre vivi em ambientes repletos de objetos com personalidade. Procurei aqui privilegiar apenas o essencial”, completa.

A altitude da região faz a temperatura cair à noite. Por isso, a lareira do quarto é acesa mesmo no verão. Junto à janela, almofadão da Feira e, na parede, tela assinada por João. (André Nazareth/Revista CASA CLAUDIA)
O projeto cresceu, tomou forma com paredes de pedra e madeira de demolição e esquadrias de ferro e ganhou o nome de Villa Mandaçaia. Hoje, o local recebe até hóspedes – apenas um casal por vez – e inclui um restaurante exclusivo, onde são preparados pratos com as espécies e os temperos colhidos no jardim.

Entre a casa e o ateliê, fica o chalé pré-fabricado – a primeira construção do terreno. Hoje é aqui que João recebe os hóspedes. (André Nazareth/Revista CASA CLAUDIA)
“Montei a casa com material descartado, que comprei em fazendas centenárias. Queria que os cômodos fossem impregnados de história e da atmosfera local”, explica. Além de cuidar da propriedade, o foco de João está em sua produção artística, que inclui cerâmicas, esculturas e telas.

Esculturas se espalham pelo jardim da Villa Mandaçaia e, com o tempo, passam a exibir uma cobertura natural: verde e viva. (André Nazareth/Revista CASA CLAUDIA)
“Acabei de montar uma exposição em São Paulo, na Galeria Nicoli. Um sinal de que meu trabalho está dando frutos. As cerâmicas também já estão espalhadas por várias lojas bacanas. De Visconde de Mauá, estou conseguindo ganhar o mundo”, afirma.

No ateliê, num galpão anexo à casa, João molda as cerâmicas e tinge, usando as mãos, as telas colocadas diretamente no piso. (André Nazareth/Revista CASA CLAUDIA)

Esculturas trazidas de Paris, criações do morador e pinhas recolhidas no terreno dão um toque pessoal às estantes e mesas da sala. (André Nazareth/Revista CASA CLAUDIA)

Perto do rio, a mesa de madeira é o local perfeito para um almoço a dois. (André Nazareth/Revista CASA CLAUDIA)

Algumas iguarias servidas no restaurante. As cerâmicas do morador conferem uma estética especial às receitas. (André Nazareth/Revista CASA CLAUDIA)

Os jantares à luz de velas são servidos na estufa. Os móveis antigos vêm do acervo da fazenda de café da mãe de João e contrastam com o tom industrial da construção. (André Nazareth/Revista CASA CLAUDIA)