Qual sua relação com a casa, a decoração, a arquitetura? Existem diferenças entre as gerações? Foi pensando em dar respostas a essas inquietações e em estudar a fundo essas mudanças que a área de estratégia da agência de propaganda Young & Rubicam realizou, com o apoio de CASA CLAUDIA, um estudo, que incluiu longas entrevistas com arquitetos, antropólogos, psicanalistas e designers, para captar a essência desse novo morar.
“Queríamos entender as múltiplas tendências e os principais valores que foram se adaptando ao longo do tempo e hoje influenciam a relação das pessoas com sua casa”, explica Sumara Osório, diretora de planejamento da agência. “Os perfis foram montados de acordo com essas tendências e esses valores, permitindo interpretar como se transformam em comportamentos e hábitos de consumo”, completa.
O trabalho, que faz parte de uma pesquisa maior, em andamento, chegou a quatro perfis, que representam as novas formas de morar: CASA CLUBE; CASA EMPRESA; CASA HOTEL; CASA GALERIA.
Idealizada para atender aos desejos de moradores e de seus convidados, a CASA CLUBE tem vida social intensa. Está sempre cheia de amigos em jantares, almoços e baladas. Os ambientes de convivência são os mais valorizados e o foco das atenções. Outro perfil é o da CASA EMPRESA. Ali as pessoas dividem a intimidade com o trabalho, administrando o tempo, o dinheiro e a qualidade da relação entre os moradores. Em geral, atrai quem está mais preocupado com o consumo consciente e o segredo-chave é a otimização.
Cada vez mais presente nas grandes cidades, a CASA HOTEL é para quem tem vida prática e precisa de espaço funcional para dormir confortavelmente e com vários serviços de conveniência ao redor. Quase o oposto, a CASA GALERIA tem presença marcante de obras de arte e design. O décor de seus espaços generosos e abertos vive em ritmo fast fashion com mudanças frequentes de visual. Costuma ser a cara de seus donos, que amam exclusividade. Esses são indicadores do que, de certa forma, já começa a virar realidade. Mesmo porque a relação das pessoas com a moradia vive em constante transformação.
Há dez ou 20 anos, os espaços eram mais determinados e não havia a integração entre os ambientes. Hoje a divisão mais tradicional (sala, quartos e cozinha) quase não existe mais. E as mudanças só foram possíveis na medida em que as relações interpessoais das famílias também se alteraram – ficaram mais democráticas, transparentes. Receber as visitas mais chegadas junto do fogão e da geladeira e as formais no living é coisa do passado. As áreas “escondidas” começam a se mostrar e a compor o cartão de visita, assumindo um status parecido com o dos espaços mais nobres. “Com a internet e as mídias sociais, o conceito de intimidade é outro, os limites entre o público e o privado ficaram tênues e a casa se abriu”, diz Pedro de Santi, psicanalista, especializado em comportamento humano.
Tudo isso influencia de maneira direta o mercado imobiliário. Basta observar como as casas maiores ganharam projetos em que os grandes espaços estão integrados e também a quantidade de microapartamentos lançados nos dois últimos anos, de olho em uma geração mais jovem, que vive com menos e tem seu foco maior voltado para o espaço público.